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Novas Perspectivas para a Educação, Cultura e Comunicação

A complexidade e a abrangência do tema proposto permitem que o mesmo seja tratado a partir de diversas abordagens e perspectivas, daí porque a importância de se fazê-lo em um painel. A contingência da limitação do tempo, no entanto, não permite mais do que lançar um olhar sobre a questão, permitindo, portanto apenas lançar um olhar, sobre ela, sem o devido aprofundamento.
Portanto, o que nos propomos fazer neste momento é apontar um ângulo para a análise da questão e pinçar algumas questões consideradas básicas para o seu tratamento, com o objetivo de promover a reflexão sobre ela. O ângulo ou perspectiva que propomos é justamente o estabelecido para este painel: a integração. Integração, em sua origem epistemológica significa inteiro, que pressupõe a unidade de uma realidade múltipla. Trata-se de um processo pela qual se propõe a atuar mediante a compreensão de que a realidade é uma mediante a adoção de princípios que observem essa unidade e a promovam.
Como a realidade é socialmente construída, tal como indicado por Karel Kosik, por integração pressupõe-se o processo de intervenção sobre ela, mediante um esforço interativo, marcado pela reciprocidade, constituindo uma rede ou malha de ações, aspectos e dimensões interatuantes. Portanto, por integração, entendemos o esforço interativo e não apenas o resultado, a reciprocidade e não a unilateralidade, o desenvolvimento conjunto a não o eventual crescimento, ora de um segmento, ora de outro. É este, aliás, o espírito que nos une a todos neste painel, com o objetivo de juntos contribuirmos para o desenvolvimento equilibrado entre todos os segmentos da sociedade latino-americana.
Segundo essa ótica, a interação válida é aquela realizada não para tirar proveito unilateral, tendo como ponto de partida o interesse de um dos segmentos, mas sim a motivação para fazer construir uma condição melhor para todos, segundo a ótica da reciprocidade e do “ganha-ganha” descrita por Stephen Covey, e o entendimento mais sólido e global da realidade. Trata-se, portanto, de uma ótica que promove as condições básicas do desenvolvimento sustentável e da construção do conhecimento válido para orientar, apoiar e sustentar esse desenvolvimento. Consiste essa proposição, não em um modelo eventual, mas em um paradigma, em uma ótica ou visão de mundo pela qual olhamos todas as dimensões da realidade e, – reforçamos mais uma vez – estabelecemos realidades em rede, pelo enfoque interativo.
Como somos o que pensamos e atuamos na realidade de acordo com nossa forma de concebê-la, é importante que analisemos nossa ótica e nossa visão de mundo, pois nele projetaremos a amplitude ou a limitação de nossa ótica, nele deixamos nossa marca articuladora ou fragmentadora, construtora ou destruidora, equilibradora ou desequilibradora.
Com esta concepção em mente, passamos a focar o tema específico de nossa comunicação: a educação, a cultura e a comunicação. Trata-se de três dimensões da realização de uma sociedade que, ao longo de seu desenvolvimento, ganharam identidades próprias e foram se distanciando umas das outras, a ponto de serem consideradas áreas de atuação profissional especializadas, distantes umas das outras e até mesmo competidoras entre si.
Assim é que temos educadores ou responsáveis pelo desenvolvimento da educação, que não consideram no seu planejamento, na sua gestão e na sua implementação, a dimensão cultural, o modo de ser e de fazer de grupos sociais, distorcendo dessa forma, o próprio sentido da educação, que é o de levar os educandos a conhecerem o mundo e a conhecerem-se no mundo, para melhor atuarem nele. Também deixam de considerar a comunicação como método essencial do seu trabalho, deixando, por essa prática de empregar no seu trabalho o sentido da própria dimensão humana e da eficácia do seu empreendimento, que é a comunicação.
Temos, por outro lado, profissionais da área da cultura que, pensando limitadamente e restritamente essa área, desconsideram em suas promoções o elemento educativo que as mesmas têm. Dessa forma, muitas vezes, as vêem como eventos, realizações e expressões em si, e não como realizações que têm forte elemento pedagógico, formador e reforçador de um modo de ser e de fazer que devesse levar em consideração não apenas a sociedade que temos, mas a sociedade que desejamos; deixam de levar em consideração que as formas de comunicação adotadas têm impacto importante sobre os resultados que promovem.
Temos profissionais da área da comunicação que, pensando da mesma forma restrita, atuam considerando a comunicação como tendo um valor em si, deixando de considerar a sua realização cultural e educacional.
A partir da falta de visão de que educação, cultura e comunicação são dimensões de uma mesma realidade, que ganham importância e significação quando uma considera a outra tanto como meio, como também como fim, estas áreas se tornam pequenas, mesquinhas e até mesmo perniciosas.
Como resultado, teríamos nesse caso, paradoxalmente, uma educação que não educa, que não contribui para formar pessoas capazes de considerarem-se como agentes de cultura, de elevação do modo de ser e de fazer de uma sociedade; capazes de comunicar-se, estabelecendo redes de relações para a construção dessa sociedade.
Teríamos as promoções culturais realizadas como simples elementos de lazer e até mesmo de expressão livre de idiossincrasias de pessoas ou pequenos grupos, e que desconsideram a expressão e formação de valores mais amplos e duradouros da sociedade.
Teríamos a comunicação realizada unilateralmente e, portanto, distorcendo até mesmo a raiz do seu significado, que é a interação e reciprocidade. A comunicação seria vista como uma área de negócio, sem responsabilidade social, valendo a informação pela informação.
A partir das situações apresentadas, alertamos para certos pressupostos que devem nortear as decisões de tomadores de decisão e implementadores das mesmas:
– que o empreendimento humano é importante, na medida em que contribui para o desenvolvimento da sociedade e da sua dimensão humana;
– que as realizações organizacionais e profissionais se tornam efetivas e promovem desenvolvimento sustentável, na medida em que adotam a ótica interativa promotora de resultados multiplicadores nas respectivas áreas.
Gostaria de finalizar, trazendo uma consideração especial a respeito da educação, sem contudo querer considerá-la como um valor em si mesmo e de forma isolada. Relembro um provérbio russo, que afirma que é necessária toda uma aldeia para educar uma criança. Isto é a educação é um processo extremamente complexo que demanda a contribuição da sociedade inteira. Na época atual, a educação se torna um processo cada vez mais complexo, dinâmico e contínuo. Em vista disso, o processo educacional demanda que a sociedade como um todo, a partir de todos os seus segmentos, considere o interesse social e cultural da educação e que assumam o papel de educadores, participantes do processo social de formação de crianças, jovens e adultos.
O desafio da América Latina, de se tornar uma sociedade mais justa, passa, portanto, não apenas pela valorização da educação e melhoria dos investimentos da área, mas sobretudo pelo entendimento de que todo tem um papel a exercer em relação a essa área de atuação.

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