A expectativa de uma sociedade mais humana tem estado presente na sociedade brasileira como um marco importante. Todos queremos um Brasil melhor, mais equilibrado. Uma população com melhores condições de vida, menos desigual, mais participativa. No entanto, tal condição não acontece. As causas para o desequilíbrio vigente em nossa sociedade são complexas e variadas. É possível apontar que grande parte do problema seja reflexo de uma atitude passiva diante do quadro sócio-cultural que vivenciamos.
Construímos uma cultura de reatividade que reforçamos ao longo do tempo. Habituamos-nos a esperar e não a agir em favor de uma nova condição de vida. Geralmente temos adotado o hábito de responsabilizar os outros pelo que gostaríamos de ter e pelo que temos e de que não gostamos, sem, contudo, estabelecermos novas perspectivas para a situação.
Não podemos deixar de reconhecer que precisamos, com urgência, reverter esse quadro. Precisamos assumir de forma ativa a nossa responsabilidade social diante dos fatos, de modo a contribuir, cada um com sua condição, para a minimização dos nossos problemas sociais. Esta atuação se constitui em experiência caracterizada pelo resgate da cidadania e de rica aprendizagem. Por ela, ao mesmo tempo em que se contribui para a minimização de problemas, por ações remediais ou preventivas, ou para a construção de novas condições de organização e atuação, orientadas para o desenvolvimento, promove-se o desenvolvimento de uma nova cultura, de um novo modo de ser e de fazer do brasileiro.
As ações voluntárias que estão crescendo entre nós, mediante perspectivas diversas, constituem-se em um promissor sinal de tal mudança. No entanto, temos muito a aprender a fim de que esta atuação seja realizada não como uma forma de aplacar a própria consciência, caracterizada pelo ajudar por ajudar ou de fazê-lo para aparecer. Trata-se de uma atuação que deve ser movida por um interesse genuíno de consideração e respeito pelo próximo, de vontade de contribuir para a melhoria do ambiente e por uma consciência de que, como seres sociais, para nossa realização plena como tal, este é o nosso destino.
Tal condição é sujeita a um aprendizado que não ocorre apenas em condições naturais e espontâneas. Torna-se necessário envolver os jovens nesse processo, oferecer-lhe oportunidades para tal e orientá-los, de modo que, a partir de experiências bem sucedidas possam desenvolver as atitudes, os conhecimentos e as habilidades necessários para o exercício dessa dimensão de cidadania.
A fim de oferecer oportunidades aos jovens para participar de tais experiências, o Faça Parte – Instituto Brasil Voluntário promove o Programa Jovem Voluntário, Escola Solidária, pelo qual oferece instrumentos e orientação para a promoção do envolvimento de jovens em ações voluntárias, reforçando o papel da escola como um centro de cidadania e convivência solidária, como meio de formação e canalização das energias, esperanças, idéias e ideais dos jovens para ações estimulantes e construtivas. Programas que promovem o protagonismo dos jovens emergem em todas as unidades federadas, por iniciativa de organizações não governamentais, de sistemas de ensino e de escolas. Esses programas lideram movimentos por oferecer aos jovens oportunidades de assumirem liderança e tomarem iniciativa na realização de projetos educacionais, sociais e ambientam, o que se constitui em condição necessária para a sua formação plena.
Na medida em que tal canalização não ocorra o que teremos? – Jovens sem objetivos, sem norte, sem esperanças, convocados pelas drogas, pelo comportamento desenraizado de valores, e pela autodestruição. É preciso, portanto, que os adultos acordem para a seriedade de tais perigos e que comecem a mudar a sua própria orientação de vida, de modo que possam estimular e genuinamente envolver os jovens para que juntos participem de um grande movimento social de vivência, a partir do desempenho pessoal de cada um, dos valores de justiça, solidariedade e fraternidade, que queremos para a nossa sociedade, que se faz a partir de cada núcleo social.